terça-feira, 17 de novembro de 2009

O meu sonho de paz




O estudo da história da evolução do homem conta-nos que este, a dado momento do seu percurso, começou a fabricar instrumentos de trabalho e de defesa ( lanças, flechas, catanas, enxadas, espadas, etc.) com os quais procurava garantir o seu sustento e assegurar a sua protecção contra os ataques do seu ambiente vital que se tornava cada vez mais agressivo: forças da natureza, calamidades naturais, invasões “inimigas”...
Com o surgimento da técnica e, por conseguinte, do aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho e de defesa, foi crescendo no homem o desejo desmedido de exercitar-se na arte da guerra e da violência de tal modo que não se fez esperar a desproporção entre os instrumentos de trabalho e os meios bélicos. Assim, hoje em dia enquanto faltam meios básicos de subsistência para muitos pobres que morrem noite e dia, não faltam porém meios de destruição (armas) que todos os dias fazem outras tantas vítimas no mundo sobretudo entre os mesmos pobres que se vão dizimando uns aos outros sob o olhar impávido, tímido e irônico de quem fez da indústria das armas a fonte principal da sua prosperidade.
Mas então basta desarmar os homens, transformar os tanques em carroças, os aviões de guerra em cargueiros, as bombas em foguetes de festa, “as lanças em foices” para garantir a paz efectiva, messiânica anunciada pelos profetas?
Tudo isso é necessário e é o primeiro passo, mas não basta. Não é este o meu sonho de paz! Na verdade, é preciso antes de mais desarmar-se dos “músculos psicológicos” de supremacia, de orgulho, de arrogância, de prepotência, de superioridade e colocar-se na lógica das bem-aventuranças aceitando o desafio de acolher a mensagem de paz como “filho de Deus” que assume o sacrossanto compromisso de a construir não só com as suas mãos (mecanicamente, o que serve para o desenvolvimento material), mas com o seu coração e a sua mente ( em prol do desenvolvimento integral e humanizado). É este o meu sonho de paz e foi esta a paz profética: uma paz que brota de um coração transformado, convertido!
Com efeito, só quem faz da paz não uma mera questão de “operar” mas um modo “essencial” de ser pode se tornar um “obreiro da paz”. Mais do que “fazer paz”, é preciso “estar em e na paz” e “ser paz” que, longe de nos enclausurar no casulo da nossa própria comodidade a favor dos nossos interesses individuais e individualistas desabrocha, como uma flor, e faz cair as suas pétalas anunciando ao próximo a época de uma colheita abundante e de qualidade em justiça, honestidade, verdade, amor, solidariedade, alegria, amizade, empatia, diálogo. Uma vez assumidos e vividos esses valores, não só estaremos em condições de socorrer quem clama pelo pão, mas também prontos a mudar a nossa mentalidade poluída de ódios, rancores, mentiras, superstições e calúnias...
E então haverá paz! E essa paz é viva e tem nome: Jesus!
E não nos será difícil depor as armas.


É este o meu sonho de paz que se torna prece:

Que a Igreja ( dioceses, paróquias, pequenas comunidades, comunidades religiosas e similares) se tornará realmente em monte da “transfiguração” em que o rosto de Jesus será claramente visível nos seus membros;
Que os irmãos desavindos se reencontrarão e se reconciliarão;
Que as famílias serão verdadeiros viveiros do amor, da compreensão, do diálogo e do perdão recíproco;
Que a riqueza das nossas diversidades
raciais, culturais, religiosas,
étnicas e tribais não será mais motivo de divergências e guerras intermináveis;
Que o Senhor livrará da depressão e da crise comunitária quem aspira desenfreadamente a cargos e dará serenidade e alegria a quem estimula intrigas e
desestabilização nas comunidades;
Que os pobres não serão mais desfrutados
pelos ricos;
Que os chefes das nações governarão com equidade e transparência;
Que as crianças de rua
encontrarão sempre protecção e lhes será reconhecido o direito à dignidade e ao pão;
Que os direitos das mulheres serão defendidos e
respeitados!